Provocaram uma chacina com 121 mortos em menos de 20 horas.

A Polícia Federal não sabia da operação; o governo do Rio de Janeiro não pediu ajuda!
Embora diga que foi convocada há 60 dias para uma parceria, na verdade, a PF não recebeu a data nem o local da operação (favelas), como afirmou o Diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o Secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos.
Seria o mesmo que eu dizer:
“Venha até minha casa para a festa do meu aniversário, mas sem informar a data nem o local (favelas), onde a festa será realizada.”
A polícia do Rio de Janeiro colocou em prática a operação e só após o início é que o governo federal ficou sabendo. Assim: “Quem pariu Mateus que o embale!”
Para completar, ontem (29), o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que o governador deve procurar o primeiro escalão do governo federal (Presidente Lula) para solicitar ajuda da Polícia Federal em operações no estado, declarando que sua incapacidade de realizar uma operação de tal porte não é assunto do segundo escalão.
Tudo isso ocorre num contexto de muito ruído politizado e ideologizado.
A Polícia Federal só pode intervir em crimes de âmbito estadual se houver solicitação formal — com dados e datas específicas — por parte do governo estadual, que dispõe de suas próprias polícias civis e militares, conforme determina a lei.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, reclama que não tem autorização para adquirir carros blindados, mas não pede à PF que empreste os que já possui. Além disso, esclarece que o governo federal transfere recursos ao estado, parte dos quais são destinados à segurança pública.
O fato é que o governo do Rio provocou uma chacina que resultou em 121 mortes (117 suspeitos e 4 policiais), sem que os direitos humanos tenham sido devidamente respeitados.
Organizações nacionais e internacionais, incluindo a ONU, exigem uma apuração rigorosa dessa tragédia, que foi resultado de uma ação desastrada e sem planejamento adequado.
Para agravar a situação, o governador e seus assessores parecem ter lançado uma estratégia mal planejada, que mais serve para tentar levar o crédito político do que para garantir a segurança da população.
Nessa mesma operação, um amigo próximo de Jair Bolsonaro, que reside no mesmo condomínio do ex-presidente, foi descoberto durante investigações do governo do RJ, com mais de 170 fuzis adquiridos ilegalmente.
Cabe lembrar que o vice-presidente na época, hoje réu e condenado a 23 anos de prisão, general Braga Nascimento, comandou operações do Exército no Rio de Janeiro e nada fez para impedir o crescimento do armamento por facções criminosas. Essas mesmas facções e milícias elegeram muitos políticos, incluindo os Bolsonaro — Jair, Flávio, Eduardo e Carlos — que ocupam ou ocuparam cargos eletivos.
Organizações criminosas dominam diversos mercados no Brasil. Qual política os governos adotam para combater esse fenômeno?
Resposta: Nenhuma.
E mais: cerca de 80% dos líderes dessas organizações estão presos dentro de penitenciárias.
São mais de 1.900 comunidades dominadas pelo crime, sendo aproximadamente um quarto delas no Rio de Janeiro. No Complexo do Alemão, e da Penha — onde ocorreram as operação que, na verdade, foi uma chacina — vivem cerca de 30.000 criminosos armados, controlando vastas áreas.
Somando o conteúdo eleitoral (governo federal versus governo estadual de oposição) em vista das eleições de 2026, o crime continua avançando, alimentado pelos interesses políticos de ocasião.
E uma nova CPI se aproxima, onde governo federal e oposição irão debater seus interesses de poder, enquanto as comunidades dominadas pelo crime continuam à deriva.
Que tal transformar os presídios de segurança máxima em verdadeiros bastiões de segurança, impedindo que seus próprios funcionários forneçam celulares e baterias carregadas? Além disso, seria fundamental colocar fiscais dentro das salas de visitas, para monitorar os encontros entre presos e advogados — que muitas vezes funcionam como “correios” para facções criminosas.
Alguns argumentarão que há o sigilo (constante em leis) entre advogado e cliente, mas, na prática, muitos condenados já não possuem direito à defesa, e gravações dessas conversas, dentro dos presídios, não comprometeriam investigações do Ministério Público. Condenados são condenados, e o governo não pode ser conivente com crimes.
A única solução eficaz seria o governo federal criar uma agência antimáfia, capaz de infiltrar agentes dentro das organizações criminosas, semelhante à série da Netflix “Lista Negra” (2023), que mostra uma força-tarefa do FBI combatendo o crime organizado de forma incisiva.
Ao encerrar este texto, com a revolta que assola os lares mais modestos do Rio, tomo conhecimento de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta quinta-feira (30), a Lei nº 15.245/2025. Publicada no Diário Oficial da União, essa norma altera o Código Penal e a Lei das Organizações Criminosas, fortalecendo as ferramentas legais para o enfrentamento das facções que ocupam o espaço público de forma ilegal. Uma iniciativa importante — que só terá efeito se forem conferidas as devidas competências para sua efetiva implementação.
EM TEMPO:
Em abril de 2024, publiquei um artigo intitulado “Rio, o ‘Cambalacho do Crime’: ‘Protegido’ com Dinheiro de Entes Públicos e por Agentes Públicos”, no qual analisei as razões que levaram o Rio de Janeiro, e posteriormente todo o Brasil, a esse domínio do crime.
Clique aqui para ler:
https://gazetadenovo.com.br/rio-o-cambalachi-do-crime-protegidocom-dinheiro-de-entes-publicos-e-pro-agentes-publicos/
Por Guilhobel A. Camargo – Gazeta de Novo



Uma resposta
O que esperar de um aliado de bolsonaro… competência??? Segue o que seu mito pregou “bandido bom é bandido morto” não importa que mataram os peixes pequenos, enquanto os grandes escaparam da tão preparada armadilha da polícia do estado do Rio…