
Nos jogaram em outro inferno, sem nenhum teto
Sem dentes, sem emprego, em grande desespero
Dores que abateram lembrando os navios negreiros
Quilombos não amparados todos fomos encurralados
Cenários arrepiantes, degradantes maçantes
Não queriam velhos, nem doentes, nem infantes
Sem indenizações ficamos, tristes suplicantes
Andantes espalhados guerreiros e distantes
Queríamos liberdade, mas o custo foi muito alto
No jugo dos tiranos, sem mando, sem nada a favor
Escravos descalços, reconstruindo vidas, revoltados
Nos liberaram porque “amos” queiram indenizações
Euforia dos donos dos engenhos, sem piedade
Trabalhos degradantes impostos pelos escravocratas
Vagando sem preparo, sem nada, sem expectativas
A lei foi incerta, sem transição, escondendo a verdade
Mobilizações, fugas, refúgios, apoio de multidões
Castro Alves ajudou, mas a abolição foi de forma cruel
D. Pedro II viajava, Izabel decretou a extinção
Mas faltou preparo, nos jogaram no chão, sem instrução
136 anos passaram, ainda enfrentamos preconceitos
Viver assim não é bom, exigimos respeito e direitos
Dignidade e igualdade, sem preconceitos
Nossa cor e jeito, devem ser respeitados, sem desfeitos
Reclamamos reparações e reconhecimento da escravidão
Do que foi crime contra a humanidade racismo e discriminação
Preservação de áreas habitadas por negros e quilombolas
Por vida digna, com acesso a serviços públicos
Enfatizamos a luta de combate ao racismo
Que priorizem a proteção da memória negra
Temos o direito de participar elaborando nossas políticas
Todos juntos em defesa da democracia e direitos humanos
Por Guilhobel A. Camargo – Gazeta de Novo
Uma resposta
Um texto poético que nos traz a tristeza da discriminação!!!! O negro pobre sofre até hoje por uma abolição que foi criminosa, sem nenhuma proteção, transformando o que deveria ser uma vitória em uma desgraça sem fim…