Por que Cid, “a ponte do golpe de 8 de janeiro”, agora quer virar vítima

Ao ser ouvido nesta sexta-feira pelo juiz designado, Mauro Cid sai preso, por tentativa de obstrução da justiça.

Foto: Ichigo121212/Pixabay
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Ele, para safar o pai e a esposa e também aliviar sua pena, contou tudo, através de uma delação premiada, e foi o primeiro pilar para a Polícia Federal buscar as provas que são necessárias para validarem sua delação.

Primeiramente, é importante saber que tudo foi gravado na presença de vários agentes da PF e do advogado do investigado presente. Neste início, onde o acusado deve contar tudo o que sabe, e ele, por sua própria decisão, abre mão de seu direito ao silêncio, em um acordo feito entre o acusado e o Ministério Público. Em troca, receberá uma vantagem, que pode variar de acordo com o grau de sua colaboração, quanto mais informações o delator prestar, mais benefícios receberá.

Tal delação só terá valor desde que o que revelar possa ser comprovado com provas ou dar indícios de que a PF já conseguiu e outras que ainda pode buscar. A PF, além de ter coletado as provas, também fez uso de outras delações (de generais e de um brigadeiro) – que levaram ao mesmo caminho para buscar provas – que, segundo a PF, são também robustas e já anexadas ao inquérito.

Assim, a tentativa de tumultuar a sua própria delação, que o Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, fez, ao divulgar áudios que a Revista Veja publicou esta semana, obrigou a nova oitiva ao juiz indicado pelo Ministro Moraes.

No áudio do Mauro Cid ele discutiu dados de sua delação – que é sigilosa e que agora pode levar à anulação do acordo de colaboração, além de já ter voltado para a cadeia, hoje mesmo após o novo interrogatório.
A prisão foi por obstrução da justiça por ter feito revelações sobre detalhes das duas oitivas para a delação premiada que havia feito. A decisão de prisão de Cid já havia sido decretada mesmo antes do depoimento de hoje, por consequência de ter feito contato com as outras partes investigadas, e que estava proibido de se comunicar. A justiça encara isso como uma sabotagem contra a justiça.

O juiz (designado pelo Ministro do STF) deve analisar agora as últimas declarações para avaliar sua regularidade, mesmo antes do Ministério Público (no caso PGU) encaminhar ao STF a denúncia, que é o que deve estar acontecendo a partir de hoje.

No final do processo, se esta delação não for cancelada, haverá redução da pena, chegando, em algumas hipóteses, até mesmo à isenção total da pena, pelo delinquente ter delatado seus comparsas, situação que só será concedida após o STF dar a sentença colegiada na condenatória.

A delação premiada sempre deve ser corroborada com outros meios de prova ou ela não poderá ser usada sob pena de anular todo o processo, como foi o caso do processo chamado Lava Jato.

O Ministro Alexandre de Moraes, que é relator, tem sido extremamente cuidadoso, para não deixar que este processo – que deverá levar à prisão o ex-presidente e outros implicados – saia dos trilhos, em benefício dos criminosos.

Mas, a partir de agora, sexta-feira, 22 de março, a delação premiada de Mauro Cid corre o risco de ser cancelada, e os seus advogados já estão tentando de tudo para minimizar os danos causados por este tumulto, que podem parecer fruto casual, mas podemos exercitar outra possibilidade.

Por que então, agora Mauro Cid, aquele que foi a ponte de tudo, quis fazer de conta que é vítima de atos do Ministro Alexandre de Moraes?

Ele foi usado em uma estratégia certamente montada pelos advogados do ex-presidente, generais, almirante, políticos com mandato e outros, fizeram com que Mauro Cid divulgasse esta gravação – em tese seria um mero desabafo – insinuando que teria sido conduzido nos interrogatórios, pela PF, para afirmar sob pressão o que na verdade não era exatamente o que aconteceu.

E por que Cid faria isto em seu desfavor, que poderá até perder os benefícios da delação premiada para si próprio, para seu pai e sua esposa?

Ele sabe que está delatando um bando de criminosos que são capazes de tudo, para não irem parar na cadeia.

A lista de pessoas que foram mortas, mesmo em outros casos, que não esse do golpe contra a democracia, e que de uma ou de outra forma, estiveram junto com os quem pode ser preso, é enorme.

Neste momento, Mauro Cid é o melhor prêmio em dinheiro para um matador profissional ganhar milhões.
Algum interessado que já tenha ganho milhões via PIX, ou joias vendidas, ou barras de ouro recebidas de pastores, ou comissão de compras de remédios ou de usinas vendidas para alguém das Arábias Sauditas, pagaria milhões por esta queima de arquivo.

Não custa lembrar como exemplo, sem acusar ninguém, uma relação de mortos que podem dizer tudo ou nada.

Em 1995 Bolsonaro , após o roubo de sua moto modelo XLX 350 e uma Glock calibre 380, ter sido roubada o ladrão que teria roubado, foi encontrado morto em uma delegacia no RJ. A versão, quase que impossível – da polícia, foi que ele teria se enforcado com a própria camisa! (CLIQUE PARA VER MATÉRIA DE JORNAL )
Um mês depois, a esposa e a mãe do que foi acusado de roubar a moto de Bolsonaro apareceram mortas a tiros às margens da Rodovia Presidente Dutra”, relatou a revista Época. Elas estavam cobrando da justiça e também via imprensa que ele o suicida não tinha prestado serviço na Marinha onde teria aprendido fazer um nó de forca. (matérias de jornais )
A morte do miliciano Adriano da Nobrega na Bahia, amigo de Bolsonaro, até hoje há afirmações que foi “queima de arquivo” (Clique matéria )
Morte de pessoas ligadas ao caso Marielle
Morte do ex-ministro Bebianno

Enfim ainda que a delação premiada de Mauro Cid venha a ser anulada, as provas já constante no processo mesmo que conseguidas frutos de suas declarações à Policia Federal elas serão validas.

Por Guilhobel A. CamargoGazeta de Novo

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Uma resposta

  1. Realmente toda a trama bolsonarista vai desatando os nós e mesmo que essa quadrilha busque retardar as consequências de seus crimes, elas chegarão!!!!!

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