Por Guilhobel, com 76 anos de idade.
Uma votação que durou apenas três minutos na ONU, em 1947, para a resolução 181, também conhecida como “Plano de Partilha da Palestina”, deu origem ao estado de Israel, uma criação que resultou na morte de milhares de pessoas. Essa votação foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Em agradecimento, no centro de Jerusalém, ao lado de um cemitério muçulmano, uma praça foi criada com o nome de Oswaldo Aranha.
Devido ao fato do Brasil ter presidido aquela sessão, uma tradição foi mantida até hoje:
o chefe da delegação brasileira é o primeiro a discursar nas reuniões da ONU.
Diante desses fatos, já é possível entender a influência dos EUA e de Israel dentro da ONU.
Um conflito que durava séculos, com raízes religiosas, teve um marco que começou a ficar mais tenso a partir de 1948, quando o povo israelense “oficialmente” estabeleceu um estado. Tanto judeus quanto árabes são descendentes de Abraão e preservaram suas raízes genéticas por mais de 4.000 anos. Abraão, que significa “pai de muitos povos” em hebraico, é uma das figuras mais importantes do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, que são religiões monoteístas também conhecidas como abraâmicas. Abraão é, segundo essas religiões, descendente de Noé e de seu filho Sem, daí vem o termo “semita”. Ou seja, todos são parentes e acumulam conflitos históricos.
Após séculos da história de Abraão e 50 anos desde a criação do estado de Israel em 1947,
- juntamente com constantes ataques de Israel, incluindo a Guerra dos 6 Dias em 1967, que resultou na morte de 4.300 palestinos e 980 soldados israelenses, –
ocorreu a operação chamada “Chumbo Fundido”, em dezembro de 2008.
Naquele ano, Israel lançou uma ofensiva aérea contra Gaza para conter o movimento islâmico Hamas, que ocasionalmente disparava foguetes de curto alcance com pouco dano.
Alguns dias depois, em 3 de janeiro de 2009, tropas israelenses entraram na Palestina e permaneceram lá por duas semanas, resultando na morte de cerca de 1.400 palestinos e apenas 13 israelenses.
Em 2012, ocorreu a operação “Pilar Defensivo” de Israel. Em 14 de novembro de 2012, o exército israelense assassinou o chefe do Hamas, o militar Ahmad Jaabari. Em oito dias, mais de 170 palestinos perderam a vida, incluindo uma centena de civis, e apenas seis israelenses, dos quais quatro eram civis.
Em 8 de julho de 2014, Israel lançou a operação “Margem Protetora” para conter os disparos de Gaza e destruir os túneis escavados a partir do território palestino. Os israelenses causaram a morte de 2.251 palestinos, a maioria civis, enquanto Israel teve 74 mortes, quase todas de militares.
Após o término da operação, o escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) divulgou que cerca de 55 mil casas foram atingidas pelos bombardeios israelenses e aproximadamente 17.200 foram destruídas.
Em 2021, Israel lançou a operação “Guardião dos Muros” em resposta a um ataque do Hamas, que disparou uma saraivada de foguetes em “solidariedade” às centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém. Em resposta, Israel, a União Europeia e os Estados Unidos lançaram mais de 4,3 mil foguetes ao que restava do território ocupado por palestinos. Nestes confrontos, pelo menos 232 palestinos morreram, sendo 65 deles menores de idade, e outros 12 óbitos foram registrados em Israel.
Em 9 de maio deste ano, os israelenses lançaram a operação “Escudo e Flecha” e bombardearam a Palestina, resultando na morte de 15 palestinos nos ataques, sendo três deles chefes militares.
Chegamos a 7 de outubro de 2023, e embora nada justifique a morte de pessoas, sejam civis ou militares, diante desse histórico que conhecemos, após os 3 minutos em que a ONU criou o estado de Israel, podemos pelo menos entender por que o Hamas ataca o território israelense. Repito que nada pode justificar as mortes, mas pelo menos conseguimos entender.
É possível que os próximos passos do atual conflito, após essas 900 mortes em Israel, 687 na Faixa de Gaza e 7 na Cisjordânia, sejam:
POR PARTE DE ISRAEL:
Invadir por terra a “Faixa de Gaza”, tentando assim dominar o pouco que resta do território palestino. Israel já ocupou mais de 80% do que era a Palestina antes da criação do estado de Israel pela ONU, quando em novembro de 1947, entregou 54% para Israel se tornar um “estado religioso”, assim como é o Vaticano.
Deixo aqui a pergunta: se o cristianismo tem um estado que é o Vaticano e o judaísmo tem um estado que é Israel, por que o islamismo não pode ter um estado que seria a Palestina?
POR PARTE DA MAIORIA DOS PAÍSES VIZINHOS DE ISRAEL, O QUE ELES PODEM FAZER:
Usar os jihadistas (“jihad” significa luta), um grupo que foi fundado no início dos anos 80 no Egito contra a existência do Estado de Israel. Esse grupo usa o caráter religioso baseado no islamismo e pratica ataques terroristas suicidas. O autoproclamado Estado Islâmico, que já controlou partes da Síria e do Iraque, cometeu muitas atrocidades pelo mundo. O grupo denominado ‘jihadista’ foi criado para diferenciar os grupos sunitas violentos dos não violentos. O maior perigo está no fato de que o Hezbollah, que é muito mais bem organizado do que o Hamas, usa a Jihad Islâmica com seus membros suicidas de forma muito eficaz. O Hezbollah provavelmente está por trás dos ataques do Hamas, uma vez que o Hamas nunca foi tão eficiente, e tentará não demonstrar envolvimento no conflito. Já é possível apostar que neste momento, já existam mais de mil radicais do jihad inscritos para alguma missão suicida que pode ocorrer em qualquer lugar do planeta Terra.
Respostas de 2
Muito bom artigo. Boa análise com fatos e dados reais. Parabéns
Um dos maiores desafios da humanidade: acabar com o terrorismo.