De uma guerra se gera outra; uma vingança puxa outra. (Erasmo de Roterdã)

Foto: Pexels/Pixabay

O pensamento de Erasmo é a síntese do que estamos acompanhando desde 1948, quando a ONU criou o estado de Israel.

Volto ao passado, bem distante, para dizer que as três religiões – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo – que habitam as regiões em conflito (Palestina e Israel) são religiões abraâmicas, cuja origem comum e reconhecida está na descendência de Abraão. Abraão, descendente direto de Sem – um dos três filhos de Noé, desta forma todas as três religiões (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) são semitas. Assim são irmãos que brigam por terras e para fazer valer o direito de ter a sede das três religiões em Jerusalém, e usar os espaços que consideram sagrados, e que cada qual com seus templos e seus arautos, para irradiar seus interesses mundo afora.

Foi longo o exílio do povo judaico e sua esperança de retornar à Palestina. A Palestina para os judeus está associada com o lugar denominado por eles de “Terra Santa” na antiguidade como Canaã.

Como sabem, o Cristianismo é uma religião que há cerca de dois mil anos se derivou do Judaísmo na região do Oriente Médio, para concluir isto, basta ver a Bíblia que foi montada a partir do Antigo Testamento.

A origem histórica da primeira parte da Bíblia (Antigo Testamento) é um compilado de narrativas sobre a história do povo hebreu. Embora não haja vestígios de autoria ou de quando foi escrito, sabe-se que remonta além de 1200 a.C. depois do êxodo do Egito, que começou a tomar consciência de sua identidade como povo.

Nasce então o Torá ou Bíblia Hebraica, que é a “instrução” corresponde aos cinco primeiros livros do Pentateuco – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio – e que constitui também a primeira grande parte da Bíblia Cristã, ou Antigo Testamento. Como podemos ver, estão todos juntos em conflitos por muitos e longos séculos e não há até agora esperanças que parem de brigar.

Dentro deste contexto não podemos deixar de falar dos Estados Unidos, que alimenta Israel, por ser aquela região do mundo estratégica para os seus propósitos de contínuo domínio global. Também, por se tratar de um local estratégico, pois é uma ponte natural entre a Ásia, a África e a Europa, uma região disputada desde a antiguidade.

A fundação do estado de Israel nada mais é para os EUA, que o sucessor do papel que representava Inglaterra para os EUA, durante o período que durou o término do mandato britânico com a “Partilha do Império Otomano”, após o final da Primeira Guerra Mundial.

Esta transferência aconteceu no dia 14 de maio de 1948, quando faltavam poucas horas antes do término do mandato britânico sobre a Palestina, com a criação do estado de Israel pela ONU. O povo judeu já cobrava o seu Estado, desde a “Declaração de Balfour de 1917, que prometia o apoio britânico a um “lar nacional” judaico na Palestina.

Então, temos uma somatória complexa de interesses religiosos, econômicos com ação de bancos, petróleo, venda de armas, alimentos e dos EUA para manter o seu domínio da economia global.
Vejam que todos os acordos tentados via ONU não tiveram sucesso em função da posição dos EUA.
Até este último que aprovou o cessar-fogo, cuja comemoração não durou 24 horas e que Israel não deu a mínima atenção, porque continuou tendo o apoio dos EUA.

Como todos vimos com a abstenção dos EUA, que permitiu aprovar a resolução, mas ao usar este expediente deu o recado que não condenaria novos ataques a Gaza. E Gaza nestes 3 dias, após aprovada pela ONU, o cessar-fogo, já enterrou outras centenas de mortos, a maioria dentro de hospitais e de acampamentos de palestinos.

É o célebre “eu não olho e você pode fazer o que quiser, pois estará fazendo o que na verdade eu quero tanto quanto você quer.”

O ódio religioso, somado aos interesses financeiros e de poder dos EUA e de Benjamin Netanyahu continuam até com apoio das três religiões. Porque na própria Bíblia está o exemplo, quando Deus fala na leitura que fazemos do Livro do Profeta Isaías 61.1-3ª. 8b-9

“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção para os cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor e o dia da VINGANÇA do nosso Deus;…”

E como se não bastasse hoje, dia 28 de março, uma quinta-feira, da Semana Santa, no próprio site do Vaticano, na página da Leitura do Dia (28/03/2023) o Vaticano enaltece – separando o texto que repliquei acima – sobre “ o dia da vingança de Deus”
(Clique neste link, se desejar ler no próprio site do Vaticano Evangelho e palavra do dia – o pensamento do dia – Vatican News)
Leia e ouça no Vatican News as Leituras e o Evangelho do dia, acompanhados pelo pensamento do Papa Francisco.

Como a Bíblia fala, da VINGANÇA DE DEUS, eu que já fui cristão, depois teísta e a mais de 50 anos sou ateu, citarei alguns grandes pensadores que falam sobre “vingança”, diferente do que diz a Bíblia que é a palavra de um Deus:

“O amor nunca faz reclamações; dá sempre. O amor tolera; jamais se irrita e nunca exerce vingança” (Indira Ganhi).

“A vingança procede sempre da fraqueza da alma, que não é capaz de suportar as injúrias”. (François La Rochefoucauld)

“Olho por olho, e o mundo acabará cego” (Mahatma Gandhi)

“Antes de sair em busca de vingança, cave duas covas.” (Confúcio)

“A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem” (Epicuro).

“O ódio é a vingança do covarde” (George Bernard Shaw).

“Ai! Que vale a vingança, pobre amigo. Se na vingança, a honra não se lava?” (Castro Alves)

“O esquecimento mata as injúrias. A vingança multiplica-as”. (Benjamin Franklin)

“A vingança é uma espécie de justiça selvagem.” (Francis Bacon)

“Uma coisa é certa: o homem que planeja vingança procura manter suas chagas abertas, caso contrário elas podem sarar, e ele desistir”. (Francis Bacon)

“Não se vingue, que da vingança vem o arrependimento” (Confúcio).

“A vingança nos torna igual ao inimigo; O perdão nos torna superiores a ele” (Francis Bacon) .

Por Guilhobel A. Camargo – Gazeta de Novo

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Uma resposta

  1. Uma grande caminhada histórica feita nesse texto, entremeado de opiniões do autor embasadas num grande conhecimento de mundo!!!!! Todo sofrimento dos povos é causado pela ganância dos poderosos!!!! Sempre!!!!

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