Brasil, uma questão de moral e não de ideologia discordante

Junto com a “índole igual à do escorpião”, que pediu ao sapo para ajudá-lo a atravessar o rio.

Parte da classe média, que a partir de 2016 teve sua renda parcialmente sugada e ficou mais pobre dentro de um contexto geral mundial, passou a ter raiva do seu próprio fracasso, o que é algo irracional, e ficou indignada.

Diferentemente da classe pobre, que aceita melhor todo o processo, pois tem histórico de viver com suas famílias na pobreza desde a libertação dos escravos, assim seus descendentes aceitam melhor essa condição.

Como ninguém explicou quem eram os culpados, – para esta classe média – que não se sentisse fracassados, onde entra junto também os ensinamentos dos pastores evangélicos engajados no Bolsonarismo, fazem a religião ajudá-los a se desvincular do estigma de ser um perdedor; sentem-se melhores ao criticar o lulismo que está no poder.

No sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), o povo acha que qualquer falta que tenha em casa, na geladeira ou no armário, – é culpa do nordestino, que é o responsável por sua situação – o que os faz sentir-se sem perspectivas de futuro. Lula é nordestino, e foi ele quem levou o Bolsa Família, o vale gás, remédios que ajudou Bolsonaro a perder as eleições de 2022; assim, Lula é o grande culpado.

Vejam as últimas pesquisas: embora nossa inflação esteja menor do que a da Europa, o preço do dólar tenha voltado para R$.5,7, e a gasolina tenha subido menos do que a inflação, o café teve aumento por conta da falta de chuvas no ano passado, e a carne bovina não baixou de preço devido à diminuição do rebanho por muitos abates no ano passado, tendo a demanda no mundo que aumentou. Os empresários da área tiveram que repor seus rebanhos.
Essa classe, mais ignorante, não sabe disso, e essa raiva foi canalizada para criticar a esquerda, caindo direto no colo do presidente Lula – que sempre foi aquele que mais deu atenção ao pobre -, mesmo tendo carne todo dia na mesa.

Estamos diante de uma classe intermediária – entre os pobres e os ricos –, cujos componentes recebem mais de três ou quatro salários mínimos e acreditam que “ser da direita” é a única solução para a crise que consideram apenas sua, uma questão pessoal.

A direita e a extrema direita oferecem a eles uma melhora na autoestima, – com promessas  – pois a sua questão é mais moral do que econômica.
O ser humano, nessas condições, tende a procurar instintivamente um remédio para a sua crise, que é também psicológica. Quando isso acontece, eles passam a criminalizar o Estado e o grupo político (partido) que está no poder, carregando para milhões os mesmos elementos da época da escravidão, que tanto excluiu os afrodescendentes.
Incluindo é obvio – para esses doentes mentais –  o preconceito, contra o negro e o pobre.

Isso aconteceu também, em parte, com os indivíduos brancos que chegaram ao sul do Brasil no século XIX, pessoas pobres e com pouca cultura (poloneses, italianos, alemães, ucranianos), que tiveram como única solução a roça em volta das grandes cidades e pequenas atividades agropastoris, ficando distantes da cultura que já era carente no país quando viviam longe dos grandes centros, Rio de Janeiro e São Paulo.
Somando aqueles que aprovam Bolsonaro, pelo desejo de andar armados, admiradores da polícia e das forças armadas, eles estão sempre contra o Lula, um operário e nordestino.

Juntando tudo isso, temos milhões de pessoas, pouco alfabetizadas ou analfabetas funcionais, incultas, que se sentem moralmente humilhadas, embora muitos de seus filhos e netos tenham acesso à formação universitária; os mais velhos ainda exercem grande influência nas decisões políticas de seus descendentes.

No sul do Brasil, a população é formada por mais de 70% de brancos, vindos de correntes europeias, entre eles muitos admiradores do fascismo e do nazismo, que cultuam a hegemonia branca, entregando seus votos ao Bolsonaro, que usou até chavões do nazismo, como “Deutschland über alles” (Alemanha (Brasil) acima de tudo), um verso de um passado sombrio do mundo, retirado do hino alemão.

No Paraná, o partido Nacional Socialista, em 1939, tinha até um jornal semanal lido por mais de 20.000 filiados no partido do Führer, chanceler e chefe do partido, o genocida Adolf Hitler.

Essa grande maioria de bolsonaristas tem raiva das universidades, achando que todos os professores são comunistas; também abominam os artistas de teatro e do cinema, torcendo até para que o filme “Ainda Estou Aqui” e Fernanda Torres não ganhem mais nada no Oscar.

Mais de quatro (4) milhões já assistiram o filme e dá para apostar que não passam de 5% (200 mil) os bolsogados que assistiram ao filme.

E não tenham dúvidas: principalmente no Paraná e em Santa Catarina muitos não foram assistir, o “Ainda estou aqui” , com medo de serem flagrados por outro bolsogado quando entrando ou saindo do cinema.

Seria para o gado bolsonarista a maior vergonha do mundo e acreditem eles também estão morrendo de inveja dos Canadenses, Mexicanos e Panamenhos, – pois o Trump informou ao mundo que anexará estes países – e deixou de fazer a mesma promessa  com o Sul do Brasil, onde o Bolsonaro bateu o Lula de lavada.

Eles pertencem a uma classe que se considera uma elite, quando, na verdade, se jogam em sonhos e emoções para acreditar que só terão sucesso com a direita no poder. Deveriam estudar o que está acontecendo com a China e parar com essa paranoia contra tudo que não é da direita, pois é o socialismo que dá melhor convivência ao pobre e aos que sofrem preconceitos.

Pessoas que passaram a ganhar menos e não podem projetar seu futuro dentro de um paraíso se sentem “gente empreendedora”, com as mentiras de Bolsonaro como única solução para levantarem sua moral e acreditam que Lula deva sofrer um impeachment. Elas têm a sensação de serem maiores, quando também os pastores evangélicos ajudam a aumentar sua autoestima, prometendo-lhes o reino de Deus, com um paraíso ainda aqui na Terra. Já chegaram até a rezar para pneus de caminhões, acreditando que os pneus são anjos de uma estrada que os levará à um Paraiso.

Essa é uma grande legião em busca da elevação, mais na área moral do que na financeira, que tem a cabeça feita para pensar que não são pobres e que podem ser comparadas aos ricos capitalistas da direita.

Elas dão a si mesmas a sensação de que estão participando de uma nova revolução que derrubará o comunismo – que não existe no Brasil – para entregar à direita, com Bolsonaro, Flávio, Tarcísio, ou qualquer outro da direita, as rédeas do país. Para elas, o bolsonarismo é a única solução, sem perceber que sua atitude  é apenas emocional, não é racional.

A força dessa busca é mais moral do que monetária e de poder.
Não é um problema econômico, mas moral, para levantar seu sentimento humano; assim, culpam o comunismo e o socialismo e idolatram o capitalismo.
Se pudessem, iriam morar “ONTEM, NOS EUA”, ou em Israel, pois fazem passeatas com as bandeiras destes dois países!

O ser humano aqui na América Latina, mais do que em países com povos mais cultos – sem ter o reconhecimento dos demais nesses tempos de redes sociais – não sendo apaparicados, acabam ficando arrasados, a baixos do coiso do peru. E Bolsonaro dá a eles essa esperança: que pouca coisa já “os levanta”, e passam a acreditar que suas oportunidades foram roubadas pelo presidente Lula, quando a questão é própria, é de seu íntimo, é moral.

Isso é verdade para o ser humano em qualquer parte do mundo: se uma pessoa juntar um bilhão de dólares, dinheiro que já lhe permite comprar tudo que precisa para sua vida e a de seus filhos e netos, ela continua querendo acumular mais, para ter reconhecimento moral.

A sociologia é muito complexa, e a classe dominante tem em mente que o pobre e o negro são burros. Não percebem que esses tiveram menores chances nessas sociedades desiguais, mesmo sabendo que um ser humano nasce com as mesmas oportunidades mentais, independentemente da cor da pele ou do local onde nasceu.

Um país é construído com seu povo, mas quando esse povo não é bem orientado, ele pode derrubar a democracia, derrubar governos, mesmo que nada justifique fazer isso com um governo recém-eleito. Por isso foi tão fácil para o bolsonarismo levar a Brasília – para destruírem patrimônio público, em uma tentativa de derrubar o governo  – usando milhares de pessoas quando Lula só tinha 8 dias de governo.

A raiz do problema desses extremistas de direita não é o mal ou a idolatria a ditadores, mas a estupidez em que vivem seus dias. Você sempre terá chances de enfrentar o mal dessas pessoas sem empatia, usando contra-argumentos. Mas não há nada que você possa fazer contra um bando de idiotas organizados e dirigidos ideologicamente por militares aposentados tacanhos e imbecis. Mesmo que você ofereça razões lógicas, nas discussões eles rejeitam, e, quando não podem rejeitar, banalizam.

As pessoas estúpidas sempre estarão felizes e com o espírito armado para atacar.
Quando um imbecil te ataca, ele é muito mais perigoso do que uma pessoa má. É difícil combater a estupidez, que é um problema moral, não um problema de inteligência. As pessoas acabam se tornando estúpidas sob essas condições, aceitando ser comandadas por milicos que, no Brasil, têm históricos de derrubarem governos, com o argumento de que estão combatendo um comunismo que não existe mais no mundo.

Podemos concluir que a estupidez é uma necessidade de “se resolver moralmente” , um problema sociológico, não psicológico nem material. Esses acúmulos morais, nesses tempos de redes sociais, não desaparecem facilmente. À medida que um político com projetos de ditador, usando a fraqueza da necessidade moral dos brasileiros estúpidos, aumenta seu poder, os tolos caem sob o feitiço desse poder e perdem a capacidade de pensar.

Esses estúpidos rejeitam os fatos verdadeiros que alguém possa lhes apresentar; cegamente vão contra dados reais de fatos econômicos ou qualquer outro, para desqualificar o governo que está no poder, no caso do Brasil, os petistas. Quando falamos com eles, estamos falando com um robô ou um abduzido, não com pessoas normais; parecem encantados.
Estão sempre procurando a satisfação moral, com uma estupidez monumental.

Posso até pensar que isso faz parte da própria índole desses estúpidos que se dizem patriotas, pois que tipo de patriota conspira contra a própria pátria?

Eles teriam a mesma índole do escorpião que pediu ao sapo para ajudá-lo a atravessar o rio.
E o sapo disse:

“Não posso ajudá-lo, pois você pode me furar e envenenar.”
 Ao que o escorpião respondeu:
“Eu não vou fazer isso, pois não sei nadar, e eu irei morrer junto.”

O sapo, então, deu-lhe a carona.
No meio do rio, o escorpião jogou seu veneno mortal dentro do corpo do sapo.
O sapo, já perdendo a vida, disse:

“Por que você fez isso? Agora nós dois iremos morrer.”
E o escorpião, sem dó, respondeu:
“É da minha índole, não posso resistir.”

E os dois morreram no rio.
É isso que os bolsonaristas estão fazendo: matando o Brasil.
Eles chamam até Lula de “sapo barbudo”, quando nunca vimos a barba do Lula.

Por Guilhobel A. CamargoGazeta de Novo

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Respostas de 2

  1. Perfeito artigo em seus argumentos tão bem colocados. Só não entende quem não quer. Infelizmente, aqueles que precisariam ler, ao ver o tamanho do texto, nem começa e mesmo que tentassem não entenderiam a nada, não têm capacidade mental…

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