Instituição é a única entre as organizações de 12 países a ter um indicador em saúde ambiental.
Curitiba, 7 de maio de 2024 – Mais uma vez, o Pequeno Príncipe (Curitiba/PR) foi destaque internacional por suas ações ambientais. As iniciativas foram apresentadas no encontro anual do Fórum Executivo Internacional dos Hospitais Infantis (Children’s Hospital’s International Executive Forum – CHIEF), que ocorre entre 6 e 8 de maio, em Barcelona, na Espanha. Entre as quase 30 instituições de saúde de 12 países presentes, o hospital brasileiro é o único do mundo que possui um indicador de saúde ambiental como parte do seu planejamento estratégico.
Esse índice monitora o consumo de energia elétrica, água e resíduos de saúde por paciente/dia, e estabelece um indicador único a partir da média das metas individuais de cada item, definidas com base nas taxas registradas nos últimos dez anos. Historicamente, os dados do Pequeno Príncipe sempre ficaram abaixo da média dos indicadores dos principais hospitais privados do Brasil, de acordo com o relatório da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anaph).
Em 2023, o Hospital superou a sua meta de saúde ambiental em 10%. Em relação ao consumo de energia elétrica, a instituição registrou 32,90 KWh/paciente/dia, índice 70% inferior à média nacional que foi de 109,55 KWh/paciente/dia. O consumo de água também foi menor: 0,76m³/paciente/dia contra 0,89m³/paciente/dia. Considerando os resíduos hospitalares, o Pequeno Príncipe produziu 1,70kg/paciente/dia, metade do índice nacional (3,40kg/paciente/dia).
Pioneirismo
O pioneirismo do Pequeno Príncipe também foi destaque no encontro de Barcelona. O Hospital foi um dos primeiros a implementar uma gestão ambiental focada na redução do consumo de energia elétrica, água, geração de resíduos, entre outras iniciativas. Em 2013, por exemplo, tornou-se o primeiro hospital do Brasil livre de mercúrio.
A instituição é signatária da campanha Race To Zero e do Programa Empresa Amiga da Mata Atlântica. Com a adesão, as organizações assumem o compromisso de alcançar uma redução de 50% de suas emissões mensuráveis de GEEs até 2030 e zero emissões líquidas de carbono até 2050.
Nessa direção, concluiu a migração do Mercado Cativo de energia elétrica para o Mercado Livre, que utiliza fontes renováveis. Atualmente, 98% da energia adquirida provém de fontes renováveis (hidrelétrica, solar e eólica). Além de diminuir as emissões, a transição também garantiu uma redução de 40% nos custos de energia.
Mirando à eficiência energética, também houve investimento na instalação de uma usina fotovoltaica, com 283 painéis solares, por meio de um projeto desenvolvido em conjunto com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A medida fez com que o Hospital deixasse de emitir 52.636,4 quilos de gás carbônico para a atmosfera, o equivalente à preservação de 7,2 mil árvores e se abastasse, produzindo 6% de sua energia consumida.
O Pequeno Príncipe apresentou ainda dados da sua geração de gases de efeito estufa (GEEs), que afetam o clima gerando aquecimento global, e as ações de mitigação e compensação, além do planejamento futuro para chegar a um balanço positivo para o consumo de natureza. Signatário do Pacto Global, o Hospital foi o segundo do Brasil – e o primeiro pediátrico – a neutralizar suas emissões de carbono, ao quantificar, em 2019, suas emissões e realizar uma parceria com a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) no município de Antonina, litoral do Paraná. Ali, a instituição assumiu a manutenção de uma área reflorestada com espécies nativas, de dez hectares, na Reserva Natural das Águas.
“Tendo em mente tudo que está acontecendo no planeta por causa das mudanças climáticas, não há como não pensar em aprofundamento de nossas ações ambientais. Vivemos uma crise ambiental, por isso precisamos radicalizar e oferecer o exemplo. É urgente mergulhar no que possa ser inteligência climática e ambiental”, destaca o diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro Carneiro.
Reconhecimento
Em 2023, o Hospital foi reconhecido como o melhor do planeta em liderança climática. A instituição filantrópica recebeu a classificação Ouro na premiação Health Care Climate Challenge, concedida pela Rede Global Hospitais Verdes e Saudáveis. A organização internacional, formada por cerca de 1,9 mil membros de 80 países, realiza anualmente o Desafio de Saúde Climática, que reconhece soluções inovadoras e eficazes de instituições de saúde na redução dos impactos do setor nas alterações climáticas.
Os reconhecimentos internacionais consolidam o Pequeno Príncipe no cenário global como líder na implementação de soluções que contribuem para reduzir os impactos de suas atividades nas mudanças do clima. A premiação do ano passado foi precedida de outras duas: Prata em Eficiência Energética (2021) e em Resiliência Climática (2022).
Gestão ambiental
Além de manter a geração de resíduos hospitalares por paciente/dia abaixo da média nacional, a instituição possui um projeto que transforma os resíduos orgânicos crus da cozinha do Hospital em adubo orgânico (14 toneladas/ano) para ser aplicado em hortas de ervas frescas usadas para produzir chás que são servidos às crianças e adolescentes internados. A iniciativa conseguiu reduzir o volume da destinação dos resíduos orgânicos ao aterro sanitário de Curitiba.
Outra iniciativa, em parceria com a empresa Badu Design, contribui com a reciclagem de tecidos de uniformes, pijamas e cobertas reaproveitados na confecção de produtos upcycling. Uma tonelada e meia de material foi transformada em nécessaires, ecobags, bolsas térmicas e porta-notebooks comercializados na loja de produtos sociais do Pequeno Príncipe.
O Pequeno Príncipe monitora seus efluentes por meio de análises físico-químicas para diagnosticar o impacto ambiental do lançamento de micropoluentes (antibióticos) da área hospitalar na rede pública de esgoto, visando a propor soluções de mitigação.
O Hospital implantou a Segunda sem Carne no refeitório que atende colaboradores e acompanhantes de pacientes, substituiu torneiras convencionais por modelos com temporizador e colocou cisternas para captação de água da chuva para reuso. Também realizou a troca dos chillers (utilizado em resfriamento de água) e de 93 equipamentos de ar condicionado, além de bombas e compressores por modelos mais modernos e capazes de proporcionar maior economia de energia, assim como a substituição do uso de lâmpadas fluorescentes por tecnologia LED.
Expansão
O compromisso com o meio-ambiente foi garantido no planejamento de expansão da instituição. O projeto do Pequeno Príncipe Norte prevê a construção de um hospital-dia – iniciada esse ano – e um hospital de alta complexidade, a transferência das sedes da Faculdades Pequeno Príncipe e do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe e as instalações de um centro cultural e um jardim botânico.
A proposta alia premissas de contemporaneidade, qualidade e sustentabilidade. Ou seja, reúne em um só local, e de forma inovadora, assistência, ensino, pesquisa, cultura e conservação da natureza em favor da vida. Da área total do projeto – 20 hectares – quase metade é de área verde: bosque e área de preservação permanente (APP). No local há remanescentes florestais nativos caracterizados como Bosques Nativos Relevantes pela legislação municipal.
A instituição realizou uma descontaminação biológica com a retirada das espécies exóticas (pinus, eucalipto, alfeneiro, pau-de-incenso) e atua agora na recomposição e enriquecimento biológico com espécies nativas, muitas delas ameaçadas de extinção. A área do bosque é contígua ao jardim botânico que será implantado visando a contemplação das espécies e onde também serão realizadas ações de educação ambiental.
O próximo passo do Hospital, também apresentado durante o encontro, foi o início do processo para o certificado Life, que oferece reconhecimento de organizações comprometidas com a conservação da biodiversidade e manutenção dos serviços ecossistêmicos. Os certificadores credenciados são responsáveis pela realização de auditorias e emissão do documento, que se baseia nas melhores práticas internacionais relacionadas à gestão de sistemas de certificação. O objetivo é ter um plano de implantação e adequação de práticas, até 2026, para garantir maior adesão e um controle mais efetivo, cooperativo e refinado dos indicadores.
“Trabalhar na pediatria e em uma organização que percebe a criança como sujeito de direitos, precisa trazer a todos nós uma aguda noção ambiental e, portanto, de bom futuro. Nosso compromisso com o equilíbrio nas relações com a natureza nos trouxe destaque global. É com este reconhecimento que cobrei dos presentes uma postura mais proativa e contemporânea quanto às mudanças climáticas”, finaliza Carneiro.
Sobre o Pequeno Príncipe:
Com sede em Curitiba (PR), o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que oferece assistência hospitalar há mais de 100 anos para crianças e adolescentes de todo o Brasil. É referência nacional em tratamentos de média e alta complexidade, como transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea. Com 369 leitos, incluídas os 76 das UTIs, atende em 47 especialidades e áreas da pediatria que contemplam diagnóstico e tratamento, com equipes multiprofissionais, e promove 60% dos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, realizou cerca de 228 mil atendimentos ambulatoriais, 20 mil cirurgias e 307 transplantes. E, pelo terceiro ano consecutivo, a instituição figura como o melhor hospital exclusivamente pediátrico da América Latina, de acordo com um ranking elaborado pela revista norte-americana Newsweek.